OS TALENTOS

Tic-tac, tic-tac. O relógio não pára de deslizar os ponteiros e a vida não estaciona em momento algum. O tempo passa e com ele as nossas bagagens que se acumulam. O que e quais seriam os talentos dentro de nossas malas? Tanta coisa existe ali que parece difícil de destacar algo que sirva para alguém. Somos críticos, represamos muita coisa dentro de nós por acharmos ser imprestável. Mas não é assim. Os talentos não são apenas aqueles que vemos na mídia, no cinema, nas obras de arte, na música... Os nossos talentos podem ser vistos como frutos do nosso viver. Pequenas obras, simples, cotidianas, são grandiosas para a humanidade que não se reveste, somente, dos grandes nomes e obras gravadas em enciclopédias. Aliás, estas são poucas e talvez nem mereçam o crédito e a devoção das grandes multidões. A grande massa composta por nós, simples cidadãos, é o que impulsiona este mundo. Portanto, os nossos talentos, pequenos, se comparados a estes gênios, findam por ter muita significância no dia-a-dia, na vida da Terra. Podemos dizer que os talentos são frutos que, por sua vez, vieram das sementes que também saíram dos frutos. Vale dizer, as sementes contém em seu núcleo o fruto de onde viera e que, no decorrer de sua existência, após crescer e florescer, gerará novamente os seus frutos próprios. Então, nós que somos sementes de Deus, trazemos em nossa existência a Glória Divina pelo simples fato de termos vindo a este mundo, de partilharmos do dom, do milagre da vida e de termos conseguido sobreviver, crescer, sustentar, também gerar filhos e tantos outros talentos que às vezes nem damos importância e descartamos como tal por acharmos que talento é somente o que se veicula na televisão, na mídia impressa. Óbvio que se pudermos apurar as moedas recebidas traduzi-las em obras que possam servir ao próximo é muito melhor, é gratificante. Usar os dons para melhorar não só a sua condição como também a dos outros é louvável, principalmente se pensarmos que muitos destes dons nos foram dados gratuitamente. Mas alarguemos este universo de dons e talentos. Pensemos que os talentos recebidos de Deus, a começar pela vida, requer que a tratemos com dignidade e lutemos para que ela seja digna também para os nossos semelhantes. Manter os talentos, lucrar com eles é, sobretudo, devolver a Deus a graça de estarmos vivos por meio de ações em favor daqueles que nos circundam.

O semeador.