Quem é Deus mesmo?

*Cilto José RosembachPenso que  muitas pessoas encontram muita dificuldade de ter uma visão próxima de Deus. Porque o Deus apresentado pelos pais, pelas igrejas muitas vezes é um Deus fraco que a gente se serve e deixa de lado. Um Deus que existe em alguns momentos e depois não se precisa mais.
Longe de saber de fato quem é Deus, mas no campo da reflexão tentar aproximar a visão de Deus que a bíblia nos apresenta e perceber o quanto ainda necessitamos  caminhar na direção de Deus.
Quando se reza no Pai Nosso santificado o nome de Deus, significa louvar , bendizer, glorificar. Santo ainda significa ser justo, perfeito, puro.
Para tal vamos compreender o ser e agir de Deus. Deus não se reduz ao nosso mundo, Ele é totalmente outro, está em outra realidade. Deus é próximo como veremos mais adiante, mas distante ao mesmo tempo. Isto evita a idolatria, manipulação religiosa e política de Deus. Quanto à realidade santa de Deus deve ser de respeito, de reverência, de uma Luz sem sombra, um profundo sem fundo. O homem e a mulher diante da santidade de Deus tem atitudes de fugir e de querer se aproximar, é fascinado e atraído, verifica a sarça ardente a experiência de Moisés(Ex 6,7). Não quero me afastar deste espetáculo que me fascina, que é admirável (Ex 3,3). Trata-se de um Deus perto longe. Que existe em todas as dimensões. Um totalmente outro - próximo.
Mas este Deus distante se faz próximo porque age, é um Deus ético. Este Deus que de um lado é distante, mas também é presente, não é neutro. Ele ouve o clamor do povo, vê e a situação de sofrimento (Ex 3,7). Ele está a favor dos fracos e se impõe aos opressores (Ex 3,17)Ele ama a justiça, e quer ser santificado na justiça (Is 5,16) Ele é bom, justo e perfeito (Mt.19,17). Ele pede que nós humanos também sejamos como Ele é. Deus não está preso à história, Ele é trasn-histórico.Vai além da história. Assim a vocação do homem e mulher é Deus e não a terra, o paraíso. Isto significa que ele dever levar a terra até Deus, agir  sendo justo, bom, puro. O ser humano encontra a sua natureza o seu ser , o seu eu, no outro, mas não  somente no outro qualquer, mas no totalmente Outro que é Deus. Nós nos fazemos santos em Deus e Deus se faz santo em nós (Ez 28,22) assim diz: “Quero me santificar em ti” (Jo 10,36;17,17 ).Deus está inserido em nós e nós estamos inseridos em Deus se fazemos o que Ele fez.
Ainda neste contexto de perceber quem é Deus, Ele é aquele que é (Ex.3,14);Ele transcende a tudo e ao mesmo tempo se compromete com a gente(Is.6,3)Como Pai Santo ele vai além da criação, habita nos céus, como Pai justo é um Deus que se compadece da nossa pequenez, vem morar  no meio de nós, faz a sua tenda no meio da gente. Jesus ao revelar Deus diz que Deus é Abba, Pai de bondade e misericórdia.
Pelo fato de Deus ser santificado e totalmente outro ele não se deixa manipular, não se coloca a nosso serviço dos nossos interesses, para satisfazer o nosso ego, isto porque não o reconhecemos como é e  veneramos nos mesmos.
Deus é violado quando se viola sua imagem e semelhança, que é o ser humano; e é sempre santificado quando se restitui a dignidade humana ao expropriado e violentado. Pode se dizer que a solidariedade à misericórdia são atitudes que santificam o nome de Deus.
Então qual é a missão da igreja neste contexto? É a de santificar o nome do Pai na comunidade enquanto seguidores de Jesus. Ela celebra a presença de Deus , a sua grandeza, sua vitória. A igreja é sacramento do Pai e de sua glória no mundo. Então santificar é louvar, magnificar, gloriar a Deus contra todas as indicações em contrário, apesar dos fracassos pessoais  e sociais.
*Pároco da paróquia Santa Rita de Cássia, Vila Progresso, Região Episcopal Brasilandia- Arquidiocese de São Paulo. Presidente da Associação Cantareira, Assessor da Pastoral da Comunicação Brasilandia, Orientador de cursos de comunicação nas comunidades e no meio popular. Locutor- radialista.Formado em filosofia, pedagogia, teologia, comunicação social e mestre em comunicação semiótica .
Bibliografia:Boff, Leonardo, O Pai Nosso- Oração da Libertação Integral, Vozes- Petrópolis RJ, 5º edição, 1987 pp.11-52
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