Semeando a "Saúde"

18/10/2011 15:24

 

               Acordar. Abrir os olhos. Saber que estamos em um novo dia, a claridade a nos avisar. Olhar, simplesmente olhar. Ouvir o despertador, o rádio relógio, ou os pássaros discursando nos galhos, perto da janela. Sentir o ar pelas narinas, o cheiro fresco da manhã. Dobrar as pernas, esticar os braços, espreguiçar. Procurar os chinelos com os pés, ir ao banheiro, escovar os dentes. Banhar-se. Sentir o café quente, com leite ou não. Saborear o pão. Vestir-se. Ir ao trabalho, fora ou dentro de casa...

Em geral, estes nossos pequenos movimentos sem nenhuma importância, mas que refletem que estamos saudáveis. Um simples movimento dá a dimensão enorme do nosso ser: olhar, respirar, não sentir dor nos primeiros momentos da manhã. E nem sempre estamos atentos a dar valor a estes sinais de graça recebidos. O irmão que não se alimenta, sem um teto adequado, sem assistência que lhe proporcione o direito à saúde, a um tratamento, um médico que seja para lhe ministrar remédios e condições de adquiri-los, certamente não compartilha conosco destes pequenos e valiosos momentos. O vento no rosto, o calor na pele, o andar pela rua, subir nos ônibus, lotações, guiar nosso carro, poucas sensações como estas seriam suficientes para agradecer o quanto privilegiado somos. Uma prece a Deus me parece palavra de ordem, logo pela manhã. Lembrar dos enfermos também. A solidariedade é o único remédio que pode curar as feridas da sociedade geradas ao descartar uns em detrimento de outros, ao não dar chances, criar preconceitos, estigmas de uma sociedade que exclui e segrega. A saúde do corpo dá condições a que todos exerçamos a cidadania em plenitude, um direito que se sonega porque atrelado à condição financeira do indivíduo. A selva dos planos de saúde e dos hospitais superlotados e desaparelhados, médicos que não chegam à periferia... Falemos, também, da saúde da alma, a qual não necessariamente está ligada à saúde do corpo, porém, muitas vezes, depende desta. O alimentado tem menos motivo para desencadear uma ira do que aquele que busca o alimento sem sucesso, par si e para os seus. Diz-se por aí que cara feia é sinal de fome. Aquele que tem um amigo para compartilhar suas aflições tem menos doença do que uma pessoa precisada de desabafar e não encontra ninguém e assim se desespera e comete desatinos. Comecemos, portanto, por dar um bom-dia. Um bom-dia pode bastar para alguém e jamais fará mal a ninguém. Um sorriso, um sorriso ajuda tanto! Uma mensagem acolhedora então! Nem só de pão vive o homem, aliás. E vamos brindar: saúde! À vida, à saúde, nossos preciosos bens inestimáveis, inquestionáveis e assim vivamos nossos melhores momentos: o hoje e o agora, porque, antes de tudo, estamos simplesmente, vivos.

O semeador.

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